Cortaram Árvore Octagenária




 
Professor Eduardo Melander Filho

A Subprefeitura da Capela do Socorro está efetivando uma obra na intersecção na Avenida Frederico René Jaegher com a Rua José Solana, onde já foram realizados trechos de asfaltamento e redirecionamento de tráfego, construção de calçadas, alargamento da Avenida e duplicamento de uma parte da Rua José Solana. A placa da Prefeitura afixada no local se referencia no “Processo 2014 – 0.187.366-5”, que segundo dados do processo registrado no SIMPROC é relativo à “contratação de empresa especializada para execução parcial de passeio acessível – Av. Frederico René Jaegher próximo à Rua Relva Velha”.

A obra desde o início causou polêmica, porque cortaram algumas árvores de pequeno porte e um bambuzal de pelo menos sessenta anos de existência, além da total desinformação da população. “Desde que me conheço por gente aquele bambuzal existia”, declarou um ambientalista nascido na região.

Devido ao impacto causado ao meio ambiente, o MOGAVE mandou um ofício à Subprefeita da Capela do Socorro solicitando uma reunião, no que fomos atendidos.

Durante a reunião, explicaram-nos que a supressão do bambuzal foi necessária para alargamento da pista carroçável e construção de uma calçada para pedestres (realmente não existia calçada naquele trecho), respaldada pelo devido licenciamento ambiental e trâmites legais. Garantiram-nos também que o conjunto da obra levava em consideração preservar árvores do canteiro central, com um mínimo de impacto negativo ao meio ambiente.
 

 
Passados mais ou menos dois meses, eis que a comunidade recebe um presente: sem nenhuma razão plausível, CORTARAM UMA ÁRVORE DE OITENTA/NOVENTA ANOS NO DIA INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Nem se preocuparam em adaptar o projeto ao contorno da árvore ou numa arquitetura que privilegiasse o humano. Tampouco em levar em consideração os valores históricos-culturais-afetivos que aquela árvore inspirava nas pessoas, nas suas relações do dia a dia. “Trata-se de uma metáfora daquilo que o poder público diz e aquilo que efetivamente faz”, disse um morador. “Uma velha e generosa senhora que morreu, mas não de causas naturais; foi assassinada”, disse outra moradora.

A Prefeitura de São Paulo é a responsável por esse verdadeiro CRIME AMBIENTAL, tenha o corte da árvore sido respaldado legalmente ou não. As Coordenadorias de Obra e de Projetos da Subprefeitura da Capela do Socorro, que foi a executora, também têm responsabilidade direta: seja por omissão ou conivência.

Inadmissível que passados anos após a ditadura militar a política do fato consumado é o que prevalece, com a população nunca sendo consultada sobre nada. Talvez por isso os diversos conselhos gestores existentes estão sendo esvaziados e reduzidos em quantidade de participantes, diminuindo cada vez mais o contato do poder público com a sociedade civil. Prova disso é o Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz da Capela do Socorro, que no último mandato (2010/2012) conseguiu resolver antecipadamente problemas como esse, conforme ocorreu com as árvores centenárias da Avenida Alcindo Correia (1). Desde 2012 que o MOGAVE pede a realização de nova eleição e somente agora que vai ser convocada.

A Associação Movimento Garça Vermelha repudia veementemente esse ato unilateral e tomará todas as providências para que isso não fique impune, para que não mais volte a se repetir situações como essa.

REFERÊNCIA

(1) Procure na coluna à direita desse blog em “Artigos Individuais Assinados pelo Autor” o artigo “Árvores Centenárias Serão Preservadas”. 

Preservação da água, questão de educação e investimentos


Abraço Guarapiranga 2014

Da redação: Revista Em Sintonia (1)

Pelo nono ano consecutivo, uma união de diversas entidades ambientalistas, específicamente voltadas à questão da água, concretizou mais uma edição do Abraço Guarapiranga, no dia 1° de junho, com o lema “Água: somos todos responsáveis. Cuidar para não secar”. Na data, centenas de pessoas realizaram um grande abraço simbólico na Represa do Guarapiranga em três locais diferentes: Parque da Barragem, Solo Sagrado e Parque Ecológico.

O intuito é de alertar sobre a necessidade de investimento por parte do poder público para a preservação desse elemento essencial para a vida humana. “O principal objetivo é de conscientizar as pessoas da importância em se preservar a água, sem jogar lixo, sem jogar esgoto clandestino, etc.”, afirma Eduardo Melander, Diretor Presidente da Associação Movimento Garça Vermelha (MOGAVE).

Contando com diversas apresentações artísticas e esportivas, oficinas, atividades sustentáveis, exibição de filmes ambientalistas e muito mais, Melander acredita que este tenha sido o mais organizado de todos os eventos. “Tivemos inclusive, um ato político muito importante que foi o de estender a faixa do ‘Movimento Aeroporto em Parelheiros Não!’, que representa a maior ameaça à Represa no momento”, disse.

Para Melander, a alta quantidade de esgoto clandestino desembocando na represa também é uma dos principais problemas para a atual poluição das águas e que deve ser combatido. ”É uma questão de educação, mas não é só isso. A Sabesp é a grande responsável. Ela tem de fazer saneamento, porque se a pessoa não tem esgoto canalizado, ela joga onde pode”, afirma. “O problema é que ela é privatizada e visa o lucro. Então o gerenciamento é focado apenas nisso e mais nada”, conclui.

Esta questão também é a principal causa apontada por especialistas para a seca do Sistema Cantareira. “O Cantareira é um crime anunciado. Há muitos anos que não existe investimento lá. Então é uma questão de gerenciamento, pois já se sabia que isso iria acontecer em algum momento”, afirma. “Não investem na prevenção, mas agora, em crise, querem fazer uma obra esquisita para trazer água do Vale do Ribeira”, reclama.

Por esse motivo, Melander segue muito preocupado com a Guarapiranga que, no momento, não apresenta sinais de crise, mas pode ter a situação agravada ser não for preservada. “Existe a ameaça de grandes projetos de interesse de pessoas da especulação imobiliária e empreendedores da construção civil, como é o caso do Aeroporto de Parelheiros”, afirma. “Se ele for implantado, tudo em volta será especulado”.

Outro fator que lhe preocupa é o projeto recém-sancionado pela Prefeitura de implantação de transporte hidroviário na Represa. “É obvio que vai causar impacto”, diz. O projeto ainda está em fase de regulação para obter devida licença ambiental.   

REFERÊNCIA:

(1) – PRESERVAÇÃO da água, questão de educação e investimentos. Revista Em Sintonia: Unindo elos, São Paulo, Ano VII, p. 13, Julho 2014.                                                                                                                                                                                             

Parques sem Segurança



 Represa de Guarapiranga: Fonte de água e vida
Professor Eduardo Melander Filho (1)

Desde o dia 24.11.2014 que os Parques Lineares Barragem, Boi Mirim, Castelo, Herculano, Nove de Julho, Praia do Sol, Prainha e São José estão sem vigilância por fim de contrato com a empresa prestadora de serviços, repetindo uma situação que já virou praxe (2).

Recentemente o mesmo aconteceu com vários Parques Naturais Municipais da região de Parelheiros, o que motivou uma presença maior da Guarda Civil Metropolitana a fim de garantir segurança em condições muito precárias devido a inexistência de efetivos suficientes.

Na ocasião, o representante do MOGAVE no Conselho Gestor da APA Bororé-Colônia, juntamente com outros conselheiros, manteve uma reunião com o recém empossado Secretário da Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, quando foi entregue várias moções, dentre elas uma assinada pelos Conselhos Gestores das APAs Bororé-Colônia e Capivari-Monos e Parques Lineares Castelo, Nove de Julho e Jacques Cousteau, pedindo contratação emergencial de vigilância. O Secretário respondeu que aquela situação era por culpa do mandato anterior daquela Secretaria e que não faria contratação emergencial porque esse tipo de procedimento poderia gerar corrupção (3).

Depois dessa reunião com o Secretário ficamos na expectativa de que as coisas iriam se modificar e que as próximas licitações seriam realizadas antes do vencimento dos contratos com as prestadoras, para que as novas pudessem iniciar suas atividades no dia seguinte ao vencimento do contrato anterior.  Evidentemente isso não aconteceu, confirmando o descaso para com a população que tem se transformado em norma naquela Secretaria do Verde e Meio Ambiente mandato após mandato, Secretário após Secretário.

A nova licitação já foi realizada em 26.11.2014, mas a empresa vencedora só começará a atuar dentro de vinte a trinta dias devido aos trâmites burocráticos, isso se não houver alguma impugnação de alguma outra concorrente derrotada (4). Enquanto isso a população freqüentadora desses parques fica à mercê dos acontecimentos e totalmente desprotegida.

Os conselheiros gestores desses parques que são ligados ao MOGAVE tomaram e estão tomando algumas atitudes a respeito da questão (5). Por nossa sugestão, foi realizada uma Reunião Extraordinária do Conselho Gestor do Parque Nove de Julho no dia 26.11.2014, onde a maioria absoluta dos conselheiros da sociedade civil e por unanimidade (só havia um conselheiro do poder público) decidiu pelo fechamento do parque e suspensão de todas as atividades, enquanto durasse essa situação de ausência de vigilância (6). Sugerimos também uma Reunião Extraordinária do Conselho Gestor do Parque Barragem no dia 30.11.2014, que não se realizou porque, estranhamente, o único conselheiro presente foi o representante do MOGAVE, além da administradora do parque (7). Estamos articulando uma Reunião do Conselho Gestor do Parque Castelo (8).

No entanto, passada uma semana desde a licitação e decisão de fechamento, o Parque Nove de Julho continua funcionando “normalmente” por decisão da Secretaria do Verde, num total descaso à decisão do Conselho Gestor (9) e irresponsabilidade para com os freqüentadores que correm perigo real, principalmente mulheres e crianças, que podem ser atacadas de surpresa e arrastadas para trás de qualquer moita ou mato alto (10).

O pior é que a população não foi avisada da falta de segurança, o que a torna presa mais fácil (11).

Apesar do Parque Nove de Julho, pela quantidade de mata, apresentar uma situação de alto risco para os freqüentadores, os outros parques também apresentam em maior ou menor grau, principalmente os que não têm conselhos gestores, como é o caso do Parque São José, que nas duas últimas eleições não apresentou quórum porque o primeiro inscrito inexplicavelmente “retirou sua candidatura”, e o Parque Praia do Sol, que nos finais de semana reúne milhares de freqüentadores e nunca teve eleições para o conselho gestor, indicando falta de vontade política da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, pois, evidentemente, conselhos gestores “incomodam e são inconvenientes” aos interesses dos dirigentes e gestores de plantão.

Pedimos máxima divulgação.

A população deve ser informada para poder se defender.

REFERÊNCIAS (POSFÁCIO):

1- Esse artigo foi publicado no Informe do MOGAVE nº 146 em 03.12.2014. A data de sua publicação no Blog do MOGAVE com essas referências “posfácio” é de 09.06.2015.



2- Somente em março de 2015 a situação foi parcialmente resolvida nos parques da orla da Represa Guarapiranga. Importante citar que a situação de falta de vigilância patrimonial e também de equipe de manejo atingiu praticamente todos os parques municipais de São Paulo, de todas as categorias, por meses seguidos.



3- No final as contratações foram feitas por regime de “ATA”, coisa que a nosso ver não é muito diferente de contrato emergencial. As outras Moções que apresentamos foram referentes a vários grupos que repudiam a construção de um aeroporto privado em Parelheiros e também sobre a poluição e proliferação de mosquitos na Guarapiranga.



(4)- Houve realmente impugnação, fazendo com que a situação se prolongasse.



(5)- O MOGAVE (Associação Movimento Garça Vermelha) possui vários filiados que são Conselheiros Gestores pela Sociedade Civil: Um (1) no Parque Barragem; dois (2) no Parque Castelo; três (3) no Parque Jacques Cousteau e cinco (5) no Parque Nove de Julho [são nove (9) os conselheiros pela sociedade civil em cada parque].



(6)- A decisão do Conselho Gestor foi motivada pelo fato de que se algo acontecesse (como aconteceu) dentro do parque numa situação de ausência de proteção aos freqüentadores, ele (o Conselho) poderia ser acusado de conivência e co-responsabilidade, respondendo criminalmente juntamente com o responsável direto (o administrador do parque), a Secretaria do Verde e Meio Ambiente e a própria Prefeitura Municipal de São Paulo.

Além disso, diante da possibilidade de que a Secretaria do Verde e Meio Ambiente não levasse em consideração a decisão do Conselho, decidiu-se também pela suspensão de todas as atividades do próprio Conselho até que a situação se sanasse.



(7)- O Conselho Gestor do Parque Barragem era recém empossado e sob nova lei, que reduziu a quantidade de conselheiros pela sociedade civil de nove (9) para quatro (4), com quantidade equivalente de representantes do poder público. Além disso, o Regimento Interno do Conselho Gestor do Barragem exige quórum de 50% mais um, impossibilitando que qualquer decisão por voto dos conselheiros seja tomada, principalmente se houver desinteresse do poder público pela aprovação de uma proposta.

No caso dos Parques Castelo e Nove de Julho, cujo Regimento Interno é o mesmo (mas nunca foi publicado no Diário Oficial por falta de vontade política da Secretaria do Verde e Meio Ambiente), a votação se dá com qualquer número de conselheiros presentes.

Mesmo assim, com todo o desinteresse do poder público que manda poucos de seus conselheiros comparecerem às reuniões dos conselhos, todas as votações nos Parques Castelo, Jacques Cousteau e Nove de Julho foram aprovadas por mais de 50% dos conselheiros.



(8)- Os Conselhos Gestores dos Parques Castelo e Jacques Cousteau também aprovaram o fechamento dos parques enquanto a situação perdurasse. Não foram ouvidos também.



(9)- Todos os parques municipais de São Paulo continuaram funcionando normalmente como se nada estivesse acontecendo, passando por cima de decisões de diversos conselhos gestores no sentido do fechamento temporário dos parques. No caso do Parque Nove de Julho, o próprio administrador convocou seguidamente reuniões do Conselho Gestor, passando por cima da decisão tomada em reunião realizada uma semana antes, de suspender também as atividades do Conselho. No entanto, os conselheiros ligados ao MOGAVE não compareceram durante três meses nessas reuniões convocadas ilegalmente, preservando assim a autonomia política do Conselho Gestor de decidir sobre seu próprio destino e funcionamento interno, independente da vontade dos gestores públicos.



(10)- Recebemos denúncias de assaltos, intimidações às mulheres, crianças e aos idosos, ocupações ilegais, destruição de equipamentos públicos e do meio ambiente e até de crimes mais graves (muitas pessoas não registraram queixas). Bebidas e drogas correram soltas. Num dos casos mais graves, uma administradora de um parque linear da região que se prontificou a abrir e fechar vários parques (não havia funcionários para essa tarefa) mesmo com recomendação contrária de diversos conselhos gestores e sabendo do risco que os freqüentadores seriam expostos, foi vitimada ela mesma por um exibicionista que mostrava as partes íntimas (provavelmente um “anão pernóstico”). A funcionária literalmente saiu correndo e não mais voltou. Sentiu na própria carne que o perigo era real e não apenas hipotético.



(11)- A Secretaria do Verde e Meio Ambiente omitiu da população freqüentadora dos parques essa situação de abandono, principalmente no tocante à falta de segurança. Não publicamos um alerta geral na época por receio de que a nossa denúncia pública funcionasse como um chamativo aos criminosos de todas as espécies.

Manisfesto de Criação do Coletivo de Luta Pela Água




A Água é um Direito Humano, não uma mercadoria!

São Paulo vive uma crise de abastecimento de água sem precedentes. É um momento difícil para todos. Há anos o Governo do Estado vem sendo alertado do risco de um colapso devido de infra-estrutura insuficiente para atender a população das Regiões Metropolitanas de São Paulo (RMSP) e de Campinas.

Não houve investimento necessário para ampliação dos sistemas de abastecimento que acompanhasse o crescimento das cidades. Descaso com a preservação ambiental, falta de tratamento de esgotos, ocupação das várzeas e intensa impermeabilização do solo somados à insuficiência dos investimentos e à ausência de planejamento, contribuíram para o agravamento da crise.

O modelo de gestão privada agravou-se a partir do momento em que a Sabesp passou a negociar suas ações nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York. A busca do lucro a qualquer preço em detrimento da priorização da prestação de um serviço público de qualidade fez com a empresa ignorasse as previsões climáticas que já apontavam para uma redução das chuvas, o crescimento da demanda e negligenciasse todas as advertências, sobretudo a obrigatoriedade estabelecida na outorga do Cantareira de redução da dependência desse Sistema e de redução de perdas por vazamentos.

Como se não bastasse, no momento decisivo em que era preciso medidas eficazes de combate à crise e informação clara de medidas individuais e coletivas, o Governo do Estado esvaziou os espaços de participação e deliberação, como os comitês de bacia hidrográficas, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos o Conselho de Desenvolvimento da RMSP. Além disso, aparelhou a Agência Estadual de Regulação - Arsesp.

Para tirar o foco da crise, o Governo do Estado, ao mesmo tempo em que pedia para economizar, água dizia que não faltaria água, passando “sinal trocado” para a população.

Também demorou a iniciar uma campanha de redução de consumo porque os interesses comerciais de maximizar receita com a venda de água se sobrepõem à necessidade de conscientização da população. E quando o fez, responsabilizou o povo pelo problema, alegando consumo exagerado, ocupação desordenada de áreas de mananciais e furto de água. Transformou, assim, a vítima em culpada.

Só o Governo do Estado não admite ate hoje que os problemas estruturais da crise hídrica são resultados da inoperância da SABESP em investir na melhoria do sistema de distribuição de água que hoje contabiliza cerca de 37% de perda. Também mantém a postura ao continuar superexplorando os mananciais e de estimular o alto consumo de setores industriais, competindo comercialmente com outras soluções para abastecimento de água para os processos de produção.

A situação realmente é alarmante e imprevisível para a população, e a economia do Estado. Há ameaça de desemprego em grande escala em vários setores, escolas terão seu funcionamento afetado, prejudicando a educação de milhares de crianças e adolescentes. A saúde também poderá ser atingida. No horizonte, conflitos pela água.

Uma face perversa da condução dessa crise é privilegiar os usuários mais endinheirados que certamente ampliarão a sua capacidade de reservar água. O contrário acontecerá com a população mais pobre. Na periferia mais distante e nos lugares mais altos, seus moradores já chegam a ficar sem água por muitos dias seguidos.

A política do Governo do Estado está inviabilizando um direito humano fundamental: o acesso à água de forma segura em quantidade suficiente e qualidade comprovada.

O COLETIVO DE LUTA PELA ÁGUA

Com o objetivo de ampliar e unificar ações para pressionar o Governo do Estado a adotar medidas que ao menos, minimizem os impactos da crise, entidades ligadas aos movimentos popular, sindical, gestores municipais e organizações não governamentais, criaram o Coletivo de Luta Pela Água. Juntos defendem o direito a água e ao saneamento como um direito humano fundamental nos moldes da resolução aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2010.

Outra meta do coletivo é constituir os comitês de luta locais como forma de envolver as populações afetadas.

As entidades entendem ser necessário que o Governo do Estado aja com total transparência e mobilize seus órgãos como CETESB, Secretaria do Meio Ambiente, Defesa Civil, Secretaria da Saúde e Educação para atuar de forma conjunta e garanta a participação da sociedade e prefeituras em todo o processo de debate para enfrentamento da crise.

É preciso que o governo apresente imediatamente um Plano de Emergência que explicite de forma clara os próximos passos que serão tomados a partir de um amplo diálogo com a sociedade e representantes dos municípios.

Acreditamos que para a superação dessa crise seja necessário que o Governo decrete imediatamente Estado de Calamidade Pública nas Bacias do Alto Tietê e do Piracicaba, Capivari e Jundiaí para enfrentamento da crise e mitigação dos prejuízos aos cidadãos e às atividades econômicas. O Plano deverá contemplar as seguintes medidas:

a) Priorizar o uso da água para consumo humano e de animais;

b) Garantir volume de água suficiente e de qualidade segura para o consumo imprescindível à sobrevivência;

c) Manter sem interrupção o abastecimento dos imóveis em que residam populações vulneráveis, internadas em serviços de administração pública ou privada, como hospitais, unidades de saúde, clínicas, albergues, asilos, creches, escolas, presídios, delegacias, aeroportos, rodoviárias;

d) Informar locais e horários em que haverá desabastecimento de água ou redução de pressão e prazo de restabelecimento;

e) Administrar com equidade a falta de água, quer seja por racionamento, redução de pressão ou gestão de demanda. Para não penalizar a população que mora nos extremos das periferias e nos pontos mais altos nem privilegiar os endinheirados que dispõe de mais volume domiciliar de reservação;

f) Veicular campanha com esclarecimentos sobre a crise e orientações para proteção da saúde humana contra doenças de veiculação hídrica, como a dengue, diarréia entre outras;

g) Iniciar imediatamente a distribuição de caixas de água para todos os imóveis de população de baixa renda que não as disponham;

h) Criar incentivos fiscais para equipamentos hidráulicos que economizam água e, ao mesmo tempo, sua aquisição através de campanhas publicitárias;

i) Estimular a implantação de programas de apoio para utilização de água de reuso inclusive domestico, garantindo apoio técnico e financeiro;

j) Criar sala de situação para todos os sistemas produtores que atendem a RMSP para acompanhamento e divulgação diária das condições de armazenamento dos mananciais, pluviometria, vazões afluentes e defluentes e consumos de água por categoria de usuários;

k) Implantar sistema de divulgação dos dados, informações e decisões de forma a trazer

transparência ao setor e permitir que os cidadãos, as prefeituras e os diferentes segmentos econômicos possam se planejar;

l) Estruturar enfrentamento sanitário do desabastecimento de água, no que se refere à ampliação do monitoramento da qualidade da água pública distribuída, de bicas, nascentes e poços para lidar com ocorrências de doenças de veiculação hídrica;

m) Preparar as medidas jurídicas que possibilitem requisitar poços artesianos e todas as fontes disponíveis de água para direcioná-las aos usos prioritários da mesma forma que a frota de caminhões pipa existente, em especial de empresas que comercializam água a granel;

n) Divulgar para a sociedade todos os contratos de “demanda firme” para grandes consumidores, a quantidade de água fornecida, valor da tarifa, e rever esses contratos para avaliar a possibilidade de substituição por água não potável e qual a prioridade do uso atual;

o) Acelerar as obras capazes de ampliar em curto prazo a disponibilidade hídrica nas regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas;

p) Definir com transparência a quantidade de água potável que será disponibilizada para grandes consumidores (indústria, comercio, agricultura e construção civil) enquanto perdurar a crise;

q) Administrar o calendário escolar a fim de preservar o cumprimento do ano letivo, garantindo a participação das representações dos alunos, pais e professores;

r) Intensificar o investimento em educação ambiental através dos meios de comunicação e diretamente em todos os bairros das cidades afetadas.

Por fim, esse coletivo conclama todos os movimentos e a sociedade a se unirem nessa luta na perspectiva de fortalecer o acesso a água de forma plena, com qualidade adequada e com controle social.

COLETIVO DE LUTA PELA ÁGUA

Janeiro de 2015

Assinam:

AMAPAR - Associação dos Moradores Amigos do Parque Previdência

APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

APSMNSP - Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras de São Paulo

ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

Associação Civil Sociedade Alternativa

Associação da Casa da Cidade

Associação Grêmio Vila Sonia

Centro Acadêmico XI de Agosto

Centro Cultural Social Y Del Medio Ambiente Ceibo - Chile

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos

CMP – Central de Movimentos Populares

CNDAV - Comision Nacional en Defensa del Agua y la Vida - Uruguay

Coletivo Canto Geral

CONAM - Confederação Nacional das Associações de Moradores

CONEN - Coordenação Nacional de Entidades Negras/

CONTAGUAS: Confederacion de Trabajadores del Agua, Saneamiento y Ambiente de las Americas.

CUT – Central Única dos Trabalhadores – SP

De Olho nos Mananciais

Espaço Formação Assessoria e Documentação

FACESP - Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo

FENTAP: Federacion Nacional de Trabajadores del agua Potable y Alcantarillado del Peru.

FFOSE - Federacion de Funcionarios de Obras Sanitarias del Estado - Uruguay

FLM – Frente de Luta pela Moradia

FNSA – Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental

FNU – Federação Nacional dos Urbanitários

Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social

Fórum Paulista de Participação Popular

FTIUESP – Fed. dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de São Paulo

Instituto André Voisin, Porto Alegre/RS

Instituto Biguá - Eco Estudantil

Instituto Macuco

ISP – Internacional de Serviços Públicos

Liga Brasileira de Lésbicas - LBL-SP

MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens

MNDH/SP - Movimento Nacional de Direitos Humanos - São Paulo

MOGAVE - Associação Movimento Garça Vermelha

MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Observatório da Mulher

Rede Nossa São Paulo

Rede Paulista de Agendas 21

Rede WATERLAT-GOBACIT

SINDAE – Sindicato dos Trabalhadores (as) em Água e Esgoto de Campinas

SINDAE - Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia

SINDAEL - Sindicato dos Trabalhadores (as) em Água e Esgoto de Londrina e Região

SINDAEMA - Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado do Espírito Santo

SINDAEN - Sindicato dos Trabalhadores (as) nas empresas de Água, Esgoto e

Saneamento de Maringá e Região Noroeste do Paraná

SINDIÁGUA-PB – Sind. dos Trabalhadores (as) em Água e Esgoto do Estado da Paraíba

Sindicato dos Advogados de São Paulo

Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

SINDSERV - Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santos

SINERGIA CUT - Sindicato dos Trabalhadores (as) Energéticos do Estado de São Paulo

SINTAEMA - Sind. dos Trabalhadores (as) em Água, Esgoto e Meio Ambiente do ESP

SINTRAPP – Sindicato dos Trabalhadores (as) no Serviço Público Municipal de Presidente Prudente e Região

STIU- PASindicato dos Trabalhadores (as) Urbanitários do Pará

STIU-AC Sindicato dos Trabalhadores (as) Urbanitários do Acre

STIU-AM - Sindicato dos Trabalhadores (as) Urbanitários do Amazonas

STIU-AP Sindicato dos Trabalhadores (as) Urbanitários do Amapá

STIUEG - Sindicato dos Trabalhadores (as) Urbanitários do Estado de Goiás

STIUPB - Sindicato dos Trabalhadores (as) Urbanitários da Paraíba

STIU-RO Sindicato dos Trabalhadores (as) Urbanitários de Rondônia

STIU-RR Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários de Roraima

UMM - União dos Movimentos de Moradia

UNEGRO - União de Negros pela Igualdade

UNMP - União Nacional por Moradia Popular